domingo, 27 de junho de 2010

Idéias e mais idéias...

"Idéias não salvam e sim minha fé em Cristo"!(Ian)

sábado, 5 de junho de 2010

Darfur: Uma visão de mundo

                                                              


Sobre o Conflito



Geografia

O Darfur (ou "terra dos fur", em árabe) - região no extremo oeste do Sudão. Faz fronteira com a Líbia, o Chade e República Centro-Africana. A sua superfície é de 493180 km2. Darfur divide-se em 3 zonas: o norte maioritariamente seco, deserto; centro e sul menos secos, petróleo, água no subsolo, mais propício à agricultura.
As principais regiões do Darfur são: Fasher, Nyala e El Geneive.
As principais tribos da região são: Fur (que emprestam o nome a região), Masalit e Zaghawa
O Darfur tem cerca de 6 milhões de habitantes. Apenas 44,4% das crianças do sexo masculino - e um-terço do feminino - frequentam a escola. 

O Conflito

Em 2003, dois grupos armados da região de Darfur revoltaram-se contra o governo central sudanês. O Movimento de Justiça e Igualdade e o Exército de Liberação Sudanesa acusaram o governo de oprimir os não-árabes em favor dos árabes do país e de negligenciar a região de Darfur.
Em reacção, o governo lançou uma campanha de bombardeamentos aéreos contra localidades do Darfur em apoio a ataques por terra efectuados por uma milícia árabe, os janjauid. Incendeiam aldeias inteiras, forçando os sobreviventes a fugir para campos de refugiados localizados no Darfur e no Chade; muitos dos campos do Darfur encontram-se cercados por forças janjauid. 

As mortes causadas pelo conflito são estimadas entre 50 000 e 450 000). A maioria das ONGs trabalha com a estimativa de 400 000 mortes. A comunicação social descreve o conflito como um caso de "limpeza étnica" e de "genocídio". As Nações Unidas só recentemente admitiram, mas de maneira muito tranquila o genocídio.
Há acusações de violações dos direitos humanos, inclusive assassinatos em massa, saques e o estupro sistemático da população não-árabe do Darfur. 
Têm sido assinados alguns acordos de paz entre as diferentes facções em conflito, mas nunca respeitados. Nem a presença no terreno de uma força de paz enviada pela união africana consegue manter a segurança.
Intervenção da comunidade internacional

  1. Passividade

Interesses diplomáticos: na altura em que surgiu o conflito em Darfur, a comunidade internacional estava concentrada mais no sucesso e na mediação do acordo de paz entre o Sul do Sudão e Cartum que ponha fim à guerra mais longa da história da África. Tomar medidas ou actuar neste foco de conflito que se anunciava era uma autêntica "pedra no sapato". Daí que o conselho de segurança das ONU tinha a informação da situação, mas para não atrapalhar o sucesso do acordo de paz absteve-se de qualquer medida ou declaração.

Nesse momento, USA e UK estavam empenhadíssimos na guerra no Iraque. Omar el Bashir chegou mesmo a ameaçar que se houvesse alguma intervenção da ONU, a situação se tornaria um outro Iraque.
Por outro lado China e Rússia sempre se opuseram a qualquer intervenção militar da ONU num estado soberano (por isso para o Iraque foram USA e UK mais alguns países e não a ONU); além disso, a China era um dos principais aliados do governo sudanês, como comprador e explorador do petróleo sudanês.
As energias políticas e diplomáticas a nível internacional estavam sim na luta contra o terrorismo...
Numa entrevista de Kofi Anan ao canal História o entrevistador perguntou-lhe: "quando as pessoas recordarem a história desta época ao pensarem no que aconteceu no Ruanda, de que forma julgarão a forma como a comunidade internacional reagiu à tragédia do Darfur e aos seus pedidos de socorro?" Kofi Anan não podia ser mais lacónico: "Será um juízo muito desfavorável... é quase certo que fomos lentos, hesitantes e negligentes. E que não aprendemos nada com o Ruanda.

Intervenção

Em 2006, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou uma Resolução de envio de uma força de manutenção da paz da UA, composta de 7 000 soldados. Esta força não tem nem meios nem autoridade para fazer o que quer que seja.
Em maio de 2006, o Exército de Liberação Sudanesa, principal grupo rebelde, concordou com uma proposta de acordo de paz com o governo. O acordo, preparado em Abuja, Nigéria, foi assinado com a facção do Movimento liderada por Minni Minnawi. No entanto, o acordo foi rechaçado tanto pelo Movimento Justiça e Igualdade como por uma facção rival do próprio Exército de Liberação Sudanesa, dirigida por Abdul Wahid Mohamed el Nur
Os principais pontos do acordo eram o desarmamento das milícias janjawid e a incorporação dos efectivos dos grupos rebeldes ao exército sudanês. Apesar do acordo, os combates continuaram
Em 31 de Julho de 2007 o Conselho de Segurança das Nações Unidas votou por unanimidade a resolução 1769 que aprova a constituição de uma força militar conjunta da ONU e da União Africana (UA) para o darfur. A resolução autoriza a formação de uma força denominada Unamid, constituída por 26 mil soldados e polícias.

Esta força terá a missão:

  • apoiar os sete mil soldados da União Africana, actualmente no terreno
  • proteger o seu pessoal das nações unidas,
  • assegurar a segurança e a livre circulação dos trabalhadores humanitários
  • prevenir os ataques e as ameaças contra os civis.
  • autoriza o uso da força se esta for necessária.
O Sudão opôs-se à Resolução e, no dia seguinte, lançou uma grande ofensiva na região. Mais tarde aceitou esta resolução.
Intervenção humanitária
Segundo o Eng António Guterres, mais de 14.000 pessoas de organizações humanitárias trabalham no terreno, além dos funcionários da ONU. Calculam-se cerca de 20.000 pessoas.

(http://www.pordarfur.com/pt/go/sobre-o-conflito-darfur)